Não raras vezes, dou por mim a pensar: 'Se um dia fizesse uma festa para celebrar esta forma de ser e estar, na vida ou em frente a uma câmara, a que chamo Rawphotology, como seria?
Seria única. Memorável, livre, elegante e expressiva. O que teria de especial? Pessoas e tudo o que elas podem ter de memorável quando são somente elas, sem filtros. Pessoas tolerantes,
que não são chatas e que ficam felizes por verem os outros felizes. Ponto.
Seria, acima de tudo, um encontro entre pessoas que são todas minhas conhecidas e muitas delas amigas, mas que quase não se conhecem entre elas. Pessoas que se cruzam quase sempre sob a premissa do politicamente correcto. Das várias Pessoas que já fotografei e das que sei que vou certamente fotografar, somente aquelas que foram e serão em frente à minha câmara, aquilo que são na vida: honestas consigo próprias e com os outros. Carismáticas, livres e generosas. Pessoas que não se preocupam muito em mostrar, mas acima de tudo em não esconder.
Seria uma festa com Pessoas com uma personalidade ímpar, que por saberem tão bem o que são e o que querem, se mantêm iguais a elas próprias, onde quer que estejam, com quem quer que estejam. Pessoas que buscam a felicidade simples, em vez de passarem a vida a perseguir aquilo que acham que merecem ter. Pessoas que não se acham mais importantes, nem menos importantes que ninguém. Que ficam felizes por ver os outros felizes, mesmo quando se trata de desconhecidos. Pessoas para quem a sua liberdade acaba quando começa a liberdade do outro.
Seria um encontro em forma de brinde à imortalidade da Geração Perdida, dos anos 40 em Paris, do Hemingway, do Fitzgerald ou do Henry Miller e o seu inseparável absinto; dos que frequentaram o exclusivo e excêntrico
private room do Studio 54, em Nova Iorque, nos anos 70, onde era mais fácil encontrar o Andy Warhol ou o David Bowie, do que nas suas próprias casas; dos que não falhavam uma noite de verão, na Regine’s, em Marbella, nos anos 80, onde árabes milionários podiam facilmente encontrar membros duma das Casas Reais europeias, de gatas, em busca do sapato de senhora mais elegante, por onde beber o seu último whisky da noite, enquanto Alain Delon, dançava no centro da pista, vestindo somente uns boxers brancos e um dos seus habituais ‘cigarette blonde’, generosamente acendido por uma das suas fãs. Um brinde a Stanley Kubrick, mas com um novo título e sem máscaras: Eyes wide open.
Um convite (in)esperado, em jeito de homenagem a tudo o que a Rawphøtology defende em termos artísticos e sociais, por parte dum dos locais onde me sinto em casa, sempre que o visito, por ser Raw, desafiador de convicções instaladas e onde sinto a Liberdade conviver com a Privacidade em total harmonia e respeito pela individualidade de cada um; permitiu-me alterar o tempo do verbo: não seria, vai ser.
Reserva a data na tua agenda secreta: 26 de Janeiro, a partir das 23:00