Caso você esteja conduzindo uma pesquisa que precise analisar uma população grande demais (como a de um país ou um estado inteiro), vale a pena verificar que tipo de amostragem probabilística seria o melhor para você. A verdade é que é impossível entrevistar todas as pessoas que residem no estado de Minas Gerais, por exemplo. No entanto, o que você pode de fato fazer é entrevistar uma amostra que seja representativa daquela população-alvo. É aí que entra a amostragem por conglomerado.
Trata-se de um método probabilístico em que a população é dividida em grupos (conglomerados ou clusters) com base em sua localização geográfica. Em seguida, uma amostra aleatória de cada grupo é selecionada para a pesquisa, de forma natural. É importante que cada grupo seja o mais heterogêneo possível, selecionando indivíduos diferentes entre si, mas que representem aquele grupo específico como um todo. Da mesma forma, os grupos devem representar bem a população-alvo como um todo.
Acredita-se que esta seja a forma mais econômica de coletar dados de populações que se encontram muito espalhadas geograficamente. Dificilmente será viável, tanto financeiramente quanto por uma questão de tempo, entrevistar a população inteira de um estado ou país. A amostragem por conglomerado também é considerada um método mais prático do que a amostragem aleatória simples, na qual existe um grande risco de a amostra não ser representativa da população-alvo como um todo.
Vamos supor que você esteja trabalhando na campanha eleitoral de um candidato a governador do Distrito Federal. Você pretende enviar uma pesquisa de opinião para saber a intenção de voto dos eleitores. Até agora, você possui as seguintes informações:
A amostragem por conglomerado pode ter mais de uma etapa. Caso você esteja fazendo uma amostragem por conglomerado em mais de uma etapa, você criaria, a esta altura, um subgrupo dentro dos conglomerados a fim de ser ainda mais específico.
Em muitos casos, a amostragem por conglomerado requer mais de uma etapa a fim de conseguir a amostra desejada.
Uma etapa: a amostragem é feita uma única vez. Usando o exemplo acima, você apenas precisaria selecionar as pessoas moradoras de cada uma das regiões administrativas do DF com título de eleitor.
Várias etapas: a amostragem é feita mais de uma vez. Ainda usando o exemplo das eleições para governador do DF, no caso de uma amostragem por conglomerado de duas etapas, você poderia refinar um pouco mais a população: a amostragem feita na etapa 1 seriam os moradores do DF com título de eleitor, e a etapa 2 seriam os moradores do DF com título de eleitor e acima de 18 anos -- isso excluiria as pessoas de 16 e 17 anos que podem ter título de eleitor mas ainda têm a opção de não votar. A etapa 3 poderia ser composta então por pessoas que votaram nas últimas eleições.
Repare em como, a cada etapa, os critérios vão ficando mais específicos e restringindo quem poderá participar da pesquisa.
Todo esse papo de amostragem por conglomerado de várias etapas soa bastante como a amostragem estratificada. Mas os dois conceitos na verdade são bem diferentes.
Na amostragem por conglomerado, os indivíduos de cada grupo são selecionados aleatoriamente para formar os conglomerados. Os grupos são escolhidos usando o mesmo critério, e todos os grupos juntos formam uma amostra representativa da população como um todo. Neste tipo de amostragem, a localização geográfica é mais importante do que a idade, por exemplo. Um exemplo, diferente do citado acima, seria uma pesquisa de satisfação de estudantes universitários brasileiros. Nesta pesquisa, se for feita uma amostragem por conglomerado de uma etapa, a população estudada poderia ser estudantes de universidades federais brasileiras. Na amostragem por conglomerado de duas etapas, a população-alvo então seria restrita a estudantes do curso de enfermagem em universidades federais do Brasil.
Já na amostragem estratificada, a seleção não é aleatória. A população-alvo é dividida em estratos, e cada um possui critérios definidos. Ao contrário dos conglomerados, cada estrato é homogêneo entre si, mas os estratos, comparados uns aos outros, são heterogêneos. Todos juntos também formam uma amostra representativa da população-alvo como um todo. Neste tipo de amostragem, é importante que cada estrato seja representado na coleta de dados, e que cada pessoa entrevistada faça parte de apenas um estrato. Por exemplo, uma pesquisa cuja população-alvo seja composta por estudantes do curso de enfermagem de universidades federais e que queira comparar a experiência de alunos do sexo masculino e do sexo feminino. Os estratos seriam então agrupados por gênero.
A amostragem por conglomerado pode ser uma boa opção para quem tem tempo ou recursos limitados. Para saber se esta é a melhor opção para a sua pesquisa, lembre-se de que é essencial ter em mente quem será sua população-alvo e que perguntas você deseja que sua pesquisa lhe ajude a responder. Boa sorte!